quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Carta 9 O Eremita

O sábio conhece as palavras e o silêncio. Conhece a si mesmo e o outro. Conhece as crianças, as mulheres, os homens de todas as profissões, os velhos e os lugares. O sábio se cala quando não pode falar. Ouve mais do que fala. Esconde-se na caverna de seus pensamentos, Eremita de si mesmo, de onde sai para a luz do mundo. O sol paira sobre ele para guiar o caminho. O Eremita volta ao oásis. Caminha à beira do Nilo e planta as sementes de tâmara que comeu. Tudo que está vivo retorna. A permanência está no novo, não no antigo. O novo traz as folhas verdes dos seus antepassados. Revivemos nos netos. O Eremita faz uma pausa antes de continuar. Ele segue o passo dos deuses. Os deuses que caminharam na Terra antes de nós. Os que trouxeram as estrelas e traçaram suas rotas. O fogo e escrita que abriram as portas da mente. Na pedra, os hieróglifos, sabedoria ancestral e secular. O Eremita pousa seu cajado à beira do lago, à sombra da palmeira, onde pousa a íbis sagrada. Ouve-se uma prece ao infinito da noite estrelada.

27/08/2015 - 18h56


Nenhum comentário:

Postar um comentário