quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Carta 20 O Julgamento (A Ressurreição)

Julgaram-me pelo que fiz e pelo que não fiz. O que dei ao mundo, o mundo me tomou. O que fiz por mim, perdi ao longo do caminho. Nada levei para mim. Nada trago comigo. Deixei o que mais quis e o que quis não tomei. Nasci mil vezes as mil auroras a que assisti. Desci ao fundo do poço para erguer-me novamente, não a criança que fui, mas a mulher que nasci para ser. Sou única entre as rainhas do Egito. Ninguém me supera em beleza e pureza. Fui fiel ao meu rei até o fim dos seus dias. E os meus sepultei ao lado dele quando sua tumba se fechou. Nossos nomes foram apagados dos templos, nossas faces riscadas. Não viveremos mais o presente, somente o futuro. Minha cabeça ficará acima dos ombros, como sinal de nossa ventura. O olho esquerdo cego. O direito a ver eternamente. 

19/02/2015 - 1h23


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