quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Carta 18 A Lua (O Crepúsculo)


Retorno à fonte das águas em que me banho. Sorvo a lua refletida nas águas. Corre o rio por minhas mãos e braços, a refrescar a pele. Sou tua serva e irmã, reflexo dos meus sentidos, colada à tua imagem como contorno do meu rosto. És a deusa refletida sobre o espelho d'água, teus lábios a dizer-me palavras para me consolar. Nasce a lua no horizonte, dourada e imensa, a derramar seus raios sobre a terra. Verte a miragem dos meus olhos, derrama tua luz em minhas entranhas, faz de mim receptáculo de tua origem, dando-me força e alento. Respiro o ar iluminado. As folhas oscilam na brisa que me envolve. Sombra e luz da lua. Nascimento de minhas raízes. Desenha a minha face na argila. Devolve-me os olhos com que vejo. Dá-me a língua e as palavras. Faz-me ouvir e silenciar.

25/02/2015 - 21h40





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